O discurso: epopéia de minha vida

quinta-feira, maio 18, 2006

PCC, vilão ou mocinho?


A mídia agiu de forma que alertasse o povo, mas o sensacionalismo envolvendo os ataques do PCC a órgãos públicos fez com que a população de todo o estado de São Paulo entrasse em pânico, mas quais eram os interesses da mídia em comover o povo?
Algumas respostas são possíveis, por exemplo; fazer com que o povo se indignasse com os ataques, apoiando as leis estaduais e a policia. Claro que a mídia trabalha juntamente com o Estado, mas o tiro saiu pela culatra; o povo em pânico evacuou e logo São Paulo parou de funcionar. Todos sabemos que um Estado parado atrasa a economia do país, principalmente se esse estado é São Paulo. Nas ruas o deserto se estabeleceu, às 19h30min havia uma impressão de deserto. A policia teve que tomar uma atitude frente ao caos estabelecido graças aos boatos da mídia. O comandante da policia de São Paulo deu uma entrevista coletiva em que “esclarecia tudo” sobre a situação do estado. Eram momentos tensos, a policia de SP sofria pressão tanto por parte do governo quanto dos presos rebelados. A mídia logo que percebeu o dano causado pelo sensacionalismo exacerbado tentou corrigir e de fato conseguiu.
Entretanto uma pergunta não quer se calar: Quem defendia os interesses da sociedade, o governo do estado ou a facção PCC? – Difícil tirar conclusões, mas é necessário pensar afinco nessa questão. O PCC não esteve em nenhum momento contra a população, e notável é o caráter de tais “bandidos” que para protestar contra o Estado queimou vários ônibus, mas não tocou fogo em nenhum deles com passageiro dentro, o que demonstra profunda compaixão pelo povo e a idéia de respeito com o ser humano. Policiais foram baleados e mortos sim! Até o momento 40 oficiais, e 93 suspeitos, de acordo com os dados veiculados pela Rede Globo. Sobre os dados, não é preciso dizer muito, existem suspeitos demais morrendo.
Note bem que ataques terroristas no oriente médio não visam apenas os governos, mas também a população que “apóia” ou “consente” a atitude governamental, este claramente não é o caso da facção PCC. O grupo que reivindicou através de rebeliões melhores condições nas cadeias, televisores para assistir a copa do mundo e uniformes não tem a menor consciência do poder que tem em mãos.
As condições sociais favoráveis ao analfabetismo da grande massa social contribuem para que mentes como a do grupo PCC não dêem passos realmente significativos para a mudança social, o que no caso é o papel do grupo, consciente ou inconscientemente. A mídia e o governo trabalham juntos mascarando a realidade social e sublimando a necessidade do povo com programas televisionados que distraem e idiotizam ao mesmo tempo.
Hoje vivemos numa bola de neve a grave situação de desigualdade social, o verdadeiro problema para o estado e o país, entretanto o povo vai conscientizar a construção de novas cadeias e as reformas nos órgãos de segurança pública, o que na verdade não é o plano do governo como medida drástica imediata e sim a solução final para o assunto. Poucos atinam para o fato de que a cada dia há mais pobres miseráveis vivendo em condições subumanas em nosso estado e no resto do país e que ataques como o da facção PCC é apenas um grito de liberdade frente à opressão governamental e midiática.
É claro que a população está comovida com o caso e com a falta de respeito para a lei e de modo geral todos são contra o PCC, alguns dizem que não há mais segurança e isso de fato nunca existiu, pois não há como controlar a maioria miserável no país a não ser pela alienação promovida pela mídia. Resta aos cidadãos refletir sobre quem defende nossos interesses no momento e quem são os vilões desses fatos complexos e macabros, quem são as vítimas e os culpados?
Rafael, 12:19 AM | link | 7 comentários |